Relato de um executivo
A primeira vez que fui para a Suécia, em 1990, um dos meus colegas suecos me apanhava no hotel todas as manhãs.
Já era Setembro, com algum frio e neve chegávamos cedo à empresa e ele estacionava o carro longe da porta de entrada (são 2000 empregados que vão de carro para a empresa). No primeiro dia não fiz qualquer comentário, num dos dias seguintes, já com um pouco mais de confiança, perguntei:
"Vocês têm lugar fixo para estacionar? Chegamos sempre cedo e com o estacionamento quase vazio você estaciona o carro no seu extremo?
E ele me respondeu com simplicidade:
“É que como chegamos cedo temos tempo para andar, e quem chega mais tarde, já vai entrar atrasado, portanto é melhor para ele encontrar um lugar mais perto da porta. Entendeu?"
Esta atitude foi bastante para que eu revisse todos os meus conceitos!
Já tenho 18 anos que ingressei na Volvo, empresa multinacional, estável e conhecida. Trabalhar com eles é uma convivência muito interessante, qualquer projeto aqui demora dois anos para se concretizar.
Mesmo que a idéia seja brilhante e simples, é regra evitar a ansiedade generalizada na busca de resultados imediatos. Como em países globalizados ou em processos globalização como nós, brasileiros e os demais países que vivem este processo portugueses, americanos, europeus, asiáticos, etc.
Os suecos podem estar enganados, mas devo dizer que não conheço nenhum outro povo com uma cultura geral superior à dos suecos.
Os suecos debatem e trabalham! Com um esquema bem “slowdown". O melhor é constatar que, no fim, isto acaba por sempre em resultados fantásticos, já que conjugando a necessidade amadurecida com a tecnologia apropriada, é pouco o que se perde aqui na Suécia.
No filme "Perfume de Mulher" há uma cena inesquecível na qual o cego (interpretado por Al Pacino) convida uma jovem para dançar e ela responde: "Não posso, o meu noivo deve estar chegando". Ao que o cego responde: “Em um momento, vive-se uma vida", e a leva para dançar um tango. Esta cena que dura apenas dois ou três minutos, é o melhor momento do filme.
E nesta frase podemos definir o real significado desta nova atitude!
MOVIMENTO SLOW
Atualmente, há um grande movimento na Europa chamado "Slow Food". A “Slow Food International Association”, cujo símbolo é um caracol, tem a sua sede na Itália (o site da organização é muito interessante www.slowfood.com).
No Brasil temos uma sede da associação, sem fins lucrativos desde 1989 e atualmente com mais de 100 mil associados que tentam amenizar e conscientizar sobre os efeitos padronizantes de fast food, o ritmo frenético da vida atual, interesse das pessoas na sua alimentação, na procedência e sabor dos alimentos. Você pode pesquisar no site http://www.slowfoodbrasil.com/ mais sobre os hábitos alimentares ou a ecogastronnomia.
O que o movimento Slow Food preconiza é que se deve comer e beber com calma, dar tempo para saborear os alimentos, desfrutar da sua preparação, em família, com amigos, sem pressa e com qualidade.
Este movimento de Slow Food está servindo de base para um movimento mais amplo chamado “Slow Europe” publicado na revista “Business Week” na edição européia.
Segundo a revista Business Week, os trabalhadores franceses, ainda que trabalhem menos (35 horas por semana) são mais produtivos que os seus colegas americanos e ingleses.
E os alemães, que em muitas empresas já implantaram a semana de 28,8 horas de trabalho, viram a sua produtividade aumentar 20%.
A denominada "slow attitude" está chamando atenção dos próprios americanos, escravos do "fast" (rápido) e do "do it now!" (faça já!).
Com esta ascensão por uma qualidade de vida melhor e doenças ligadas ao stress e a continua pressão em busca de resultados, cada vez mais as empresas desenvolvem projetos parecidos, para aumentar e manter os profissionais felizes, com bom rendimento e saudáveis.
Aqui no Brasil temos a ONG http://www.slowbrasil.com que trabalham em prol deste movimento tentando conscientizar profissionais e empresas para que adotem tais atitudes para que seus profissionais rendam mais e melhor, evitando o desgaste, stress e outras doenças associadas ao acumulo de atividades e processos urgentistas.
Assim como os Suecos, estas atitudes deveriam ser adotadas por todas as empresas, visto que a idéia tem funcionado muito bem em países e criando uma cultura a fim de evitar erros e funcionários doentes. Quem sabe sua empresa seja a próxima a seguir este caminho, com a sua sugestão?
Slow food - uma nova proposta de alimentação
Parte I
Parte II
Parte III
Fonte:
mas quem me dera se TODOS adotassem a cultura slowdown...haveriam menos estressados e doentes no mundo!
ResponderExcluirwww.femalerocksquad.wordpress.com
é incrível se precisar de um movimento organizado para isso, quando percebe-se instintivamente que o contrário - a vida acelerada - é uma estupidez.
ResponderExcluirParabéns, um post bem interessante, com pauta original. Percebi isto claramente quando trabalhei no Canadá. Apesar de serem vizinhos dos EUA, a cultura de evitar a ansiedade e evitar as armadilhas de projetos "relâmpago" é bastante perceptível.
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